Toda história de amor, pra ser boa mesmo, começa com uma cisma.
Há sempre aquele que cisma primeiro com o outro. Nesse caso, a cisma começou com ele logo no primeiro encontro, no aniversário de uma amiga em comum. Olhou pra mim e cismou comigo! Simples assim.
E isso durou anos. Vira e mexe a gente se esbarrava em algum lugar e lá vinha ele, todo galanteador.
No dia seguinte era certo a amiga em comum perguntar: e aí, quando é que isso vai desenrolar?
Muito danado esse menino, eu pensava.
Sei que uma bela noite, em um festival de jazz, resolvi dar a chance que ele queria. Estava especialmente lindo, barbudinho, cabelo despenteado, bermuda e mochila. Quando me viu, abriu um sorriso. E eu fui logo dizendo: então, anota aí meu telefone! Lembro bem da expressão alegre dele gravando meu número no celular. Foi embora dizendo: vou ligar mesmo, viu?
Ligou!
E eu comecei a conhecer quem era esse tal de Eduardo Charbel.
Logo descobrimos a primeira paixão em comum: a música! Quando descobriu que eu cantava, pediu pra ouvir minhas composições. Eu tinha acabado de gravar um trabalho autoral e mandei pra ele, toda orgulhosa. Agora pensem, qualquer homem convencional, querendo conquistar uma mulher, iria aproveitar a oportunidade para dar um elogiada, ganhar a confiança dela. Eu sei, o Dudu nunca foi convencional. Ainda bem. Dias depois me mandou um e-mail apontado cada defeito que ele achou nas gravações. Ah, mas eu fiquei muito brava. Tempos depois isso virou piada. Ele perguntava morrendo de rir: mandei mal naquele e-mail, né? Mas te conquistei! É, conquistou mesmo!
O primeiro beijo foi depois de uma longa e profunda conversa sobre o ET Bilu. Sim, aquele extraterreste que aparece no município de Corguinho, Mato Grosso do Sul. É a cara do Dudu mesmo, passar meia hora dando explicações sobre o ET Bilu e de repente me tascar um beijo na boca. E foi o primeiro de muitos beijos. E muitos ensinamentos. Logo descobrimos a segunda paixão em comum: Chapada dos Veadeiros, nosso lugar no mundo. E aí foram viagens, acampamentos, fogueiras, amigos, muitas risadas, carinho, besteiras. Tantas histórias!
Até para o show do Carlos e Jader ele me levou. E me obrigava a aprender as músicas mais hilárias. Ah, e tinha que fazer a coreografia também, senão não tinha graça. Aprendi demais com essa mente inteligentíssima que me deu tanto amor! E ainda roubei vários amigos dele pra mim. Quanta gente incrível!
São tantas vertentes desse homem: contador de histórias, cozinheiro, profundo conhecedor de cervejas, amante do slaclkine, trilheiro, tralheiro (nunca vi pessoa carregar tanta tralha), baterista, motoqueiro, apaixonado pela família...
Toda história de amor, pra ser boa mesmo, não termina nunca! Ela se transforma em uma música bem alegre. Ou bem besta tipo “Júpiter Maçã”. Ele adorava isso!
E assim, vivemos felizes para sempre, cada um a sua maneira, ligados pelo fio mágico do pensamento. Sem fim!
Under the sun
